terça-feira, 26 de novembro de 2013

A era “Selfie”


            O narcisismo online, o selfie (
self :eu, a própria pessoa e o sufixo ie) foi eleita a “palavra do ano” pelo dicionário Oxford e foi definida como: uma fotografia que uma pessoa tirou de si própria, normalmente com um smartphone ou webcam, e que foi colocada numa rede social “. Segundo o dicionário a palavra “selfie” ganhou destaque depois do aumento do seu uso, que chegou a cerca de 17.000% desde o ano passado.



Papa Francisco foi a pessoa de quem mais se falou na internet em 2013
e também aderiu ao selfie Foto: AFP

            O termo “selfie” nada mais é do que o habito de tirar fotos de si mesmo para colocar em alguma rede social em busca de “likes”. A febre do autorretrato se deve, em partes, a popularização do Instagran um aplicativo gratuito que permite que o usuário tire fotos e publiquem de forma instantânea em diversas redes sociais e no próprio Instagran, com uso de “filtros” que dão um toque vintage as fotos.

foto: internet

           Autorretratos não são nenhuma novidade, Vincent van Gogh já fazia uso dessa técnica no século XIX, a diferença é que não é necessário ser um grande artista ou ter muitas noções de fotografia para produzir um autorretrato, basta ter em mãos um smartphone, tablet ou nootbook.
          O seffie virou uma verdadeira febre no mundo das celebridades, por ser um meio fácil e muito prático de autopromoção e de interação com os fãs. Recentemente a cantora Beyoncé participou do "selfie" de um fã durante seu show:





           Fenômeno muito comum entre os jovens, o selfie passou a cumprir o papel de "check-in". A estudante de farmácia Daiara Nascimento (22), gosta de registrar os lugares que frequenta " Eu gosto de compartilhar com os meus amigos e familiares os lugares que frequento ou que estou conhecendo pela primeira vez, as vezes tiro foto com as minhas amigas, mas na maioria das vezes estou sozinha. Tenho a sensação de está menos sozinha quando compartilho uma imagem minha e tenho de imediato o retorno das pessoas que curtem e comentam". Segundo a psicologa Luiza Pascoal existe tipos de selfies: Os que desejam retratar um estado de espirito, os exibicionistas e os que desejam mostrar que estão em algum lugar diferente (ou não) " O tipo mais comum é o narcisista, que usa as redes sociais para se auto firmar é muito comum, o exibicionista gosta de registrar o resultado da malhação diante do espelho da academia".


Alieny Silva

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O lazer que se transforma em problema


Por Alexandre Borges e Lícia Loltran

A cidade de Petrolina, hoje, conta com um cinema, que fica localizado no único shopping da cidade. Quando inaugurado, os cidadãos da cidade chegaram a imaginar que teriam uma programação como a que é vista em cinemas das capitais, no entanto, o que se vê é um descaso às estreias nacionais e internacionais, salas fechadas, filmes com defeitos, sessões canceladas e confusão na venda de ingressos. O cinema da cidade já disponibilizou até aplicativo de celular para acompanhar o horário dos filmes da semana, mas, alguns frequentadores do cinema ainda reclamam que alguns filmes têm suas sessões canceladas e não há atualização e nem aviso nos aplicativos. A estudante Carla Miranda (22), conta que já saiu de casa com horário marcado para ver o filme, mas quando chegou ao cinema, a sessão tinha sido cancelada e não havia nenhum outro filme no horário.

Esse e outros exemplos compõem o quadro atual que a linguagem cinematográfica enfrenta na cidade. Outro problema observado foi o descaso com as produções nacionais, pois, mesmo o cinema estando localizado em uma cidade brasileira, as estreias nacionais não costumam chegar totalmente. A vendedora Marília Silva (25), espera até hoje a chegada de um filme nacional. “Estou aguardando a chegada do filme ‘Flores Raras, que estreou nacionalmente há três meses. O cinema colocou o cartaz dizendo que estrearia ‘em breve’, mas até agora nada e até tiraram o cartaz”. Essa situação se repete com outros filmes nacionais e internacionais, demonstrando a ‘preferência’ do cinema por estreias de filmes de comédia e ação. O que coloca a população de Petrolina a margem do que o cinema ‘acha’ que deva ser assistido por seus espectadores, ou ainda, por o que ele considera que renda público.

Foto: Marília Silva


Outro problema diz respeito a falta de estrutura e organização com relação à venda de ingressos e aos momentos pré-sessão. Nathallia Santos (21), fã da saga Jogos Vorazes, diz que procurou a bilheteria do cinema uma semana antes da estreia do segundo filme da série Jogos Vorazes: Em Chamas” para saber se haveria venda antecipada de ingressos e ouviu das atendentes que não haveria, que os ingressos seriam vendidos apenas no dia. Contudo, a realidade foi diferente. “Eu estava em casa na quinta feira, na véspera do filme, e meu amigo me ligou avisando que os ingressos estavam vendendo. Foi uma falta de planejamento muito grande. Como eles não sabiam disso quando perguntei uma semana atrás?”.

Foto: Nathallia Santos

Mas os problemas não pararam aí. Nathallia contou ainda da falta de organização no dia da estreia. “Cheguei duas horas antes da sessão, mas já havia fila. E muito desorganizada. Só deixaram a gente entrar uns 40 minutos antes e foi uma bagunça. Gente que chegou quase 1 hora depois de mim entrou antes, as pessoas simplesmente se jogaram na frente e entraram e não deixaram nem a gente reclamar. Falta de respeito.”

“A gente vem se divertir e no final, acaba se estressando”, encerra Nathallia, resumindo em poucas palavras o estado de descontentamento de muita gente com o cinema na cidade de Petrolina.

domingo, 24 de novembro de 2013

Viagem ao exterior: cada vez mais possível

Lazer ou estudo, viajar para fora do Brasil está mais fácil


Maria Yamakawa

Até pouco tempo, o intercâmbio era sonho de muitos jovens e adultos. Com mudanças econômicas sofridas pelos países ao redor do globo de 2008 para cá, ficou cada vez mais fácil viajar para fora do Brasil.

Há quem opte por programas de intercâmbio, ou que vá por lazer. De qualquer forma, os preços são cada vez mais atrativos - e por vezes, mais em conta do que viagens domésticas.

Casa Rosada, ponto turístico da Argentina (kersaber.com.br)
No Natal de 2012, a família França decidiu passar as festas do final de ano na Argentina. No pouco tempo, o estudante de Jornalismo da PUC Rio, Rafael França, 18 anos viveu experiências variadas no país portenho.

"Fui à Argentina no final do ano passado e fiquei até o início deste ano. Permaneci ao todo por 10 dias. De maneira geral fui bem tratado" destaca o estudante. 

"Com a economia deles em crise e a inflação aumentando, o comércio local precisava (e ainda precisa) dos brasileiros. Afinal, são eles os maiores consumidores." Essa dependência econômica é perceptível até mesmo na cobertura que o principal jornal de lá (Clarín) dá para os brasileiros."

Europa

Experiênia na Inglaterra
Mesmo com pouca idade, Rafael França já viveu a experiência de ser intercambista. Em 2012, ele foi à Inglaterra e ficou pouco mais de seis meses na cidade de Cambridge. Desta vez, não a passeio. 

"Fui para viver uma nova cultura e aprimorar o inglês. O pessoal que me recebeu foi ótimo e me ajudou muito lá, mas a saudade de casa foi grande."

Seja na Europa, América ou em outro continente, está cada vez mais fácil transformar o sonho em realidade.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Tratando bem, cliente sempre tem!



Em contra ponto as fachadas de lojas, cada vez mais modernas, para atrair os clientes ávidos por novidades é possível encontrar redutos tradicionais que sobrevivem as mudanças constantes dos tempos atuais e outros tradicionais que mudam para se adaptar aos novos clientes.
            Um exemplo de tradição é o Salão Guararapes que funciona na Avenida Guararapes no centro da cidade e se mantém firme desde 1958, sem extravagâncias. O proprietário Antônio Nunes de Queiroz começou a trabalhar como barbeiro aos 12 anos em Pilão Arcado, no interior da Bahia, se aposentou recentemente aos 81 anos e deixou o salão aos cuidados do seu filho Paulo Eugênio Coelho.  A mais de 50 anos este salão atende gerações, onde pais levam seus filhos, que levam os netos e dessa forma a clientela se mantem.
            Entre os clientes estão os políticos e religiosos da região, além de artistas como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, “Todos os grandes homens desta terra já cortaram o cabelo aqui”, diz o orgulhoso Paulo Eugênio. O Salão, diferente da maioria dos salões da cidade, é voltado exclusivamente para o público masculino onde é possível cortar o cabelo e fazer a barba da mesma forma que se fazia no final da década de 50.
Desde que assumiu o salão do pai, Paulo Eugênio fez algumas mudanças no ambiente para atrair os clientes, que agora conta com um ambiente climatizado e cadeiras mais confortáveis, ele fez questão de manter a tradição com o atendimento exclusivo para o publico masculino. Segundo Paulo Eugênio o pai nunca quis que ele seguisse na profissão de barbeiro “Ele disse que tínhamos que estudar”, mas isso não o impediu de assumir o salão. Miguel Silvinio é funcionário do Salão Guararapes desde o dia 2 de janeiro de 1981 e á 32 anos atua como barbeiro, antes dele muitos outros trabalharam ali até o dia da aposentadoria. Hoje o salão mescla entre funcionários antigos e novos contratados para que o trabalho tenha continuidade.
Miguel Silvinio, trabalha no Salão Guararapes á 32 anos    foto: Alieny Silva
Não muito distante da Avenida Guararapes, na Avenida Souza Filho ainda no centro da cidade, Luiz Rodrigues da Silva trabalha em um pequeno salão á aproximadamente 1 ano, mas atua na profissão a mais de 40 anos. A vontade de trabalhar cortando cabelos chegou junto com a vontade de “sair da roça”, foi então que ele deixou a agricultura e começou a trabalhar em um novo oficio: o de barbeiro.
Luiz Rodrigues da Silva          Foto: Maria Akemi
            Mesmo com as constantes mudanças de lugar de trabalho “Seu Luiz” como é conhecido pelos clientes, consegue manter uma clientela fiel, como Alberto Joaquim, que a mais de 20 anos faz questão de ser atendido por Luiz Rodrigues que atende também o seu filho o Alexandre Alberto.
Na Rua Dom Vital ainda no Centro de Petrolina, é possível encontrar outro profissional, que atua em um meio pouco comum hoje em dia. O Francisco Ferreira da Silva trabalha como engraxate e em pequenos concertos nos mais diversos calçados, oficio que já exerce a mais de 22 anos. No inicio ele apenas engraxava sapatos, mas com a queda no movimento ele passou a fazer pequenos concertos para as lojas de sapatos das proximidades. Com o tempo esses pequenos trabalhos não estavam mais valendo o esforço e ele parou de fazer. Entre concertos e sapatos engraxados ele totaliza de 5 á 10 clientes por dia e em alguns dias não consegue nenhum.
Francisco Ferreira        Foto: Maria Akemi
Depois de tanto tempo atuando neste meio ele decidiu parar “Desde janeiro que estou pensando em parar de trabalhar como sapateiro, a cola que eu uso faz muito mal à saúde, já vi colegas doentes por causa dela”,ao lado da cadeira que ele usa para engraxar sapatos um pequeno carrinho de lanches começa a ganhar seu espaço “eu só vou trabalhar até o fim do mês”.

Depois da tradição a contradição.

            Em Petrolina é possível encontrar muitas costureiras espalhadas por toda a cidade, mas homens nesta profissão ainda são raros. Alfaiates e costureiros exercem funções diferentes, os alfaiates criam peças exclusivas feitas sob medida, com um foco especial aos ternos atendendo, quase que exclusivamente, o publico masculino. Em contra ponto estão os costureiros, profissionais especialistas em realizar os mais diversos serviços quando se trata de corte e costura.
Com o passar dos anos alguns conceitos mudam para se adaptar a realidade, hoje em dia são raros os alfaiates aqui em Petrolina, assim como homens que trabalham como costureiros, Geraldo Vieira é um deles.


Geraldo Vieira
Em um pequeno ateliê no Centro da cidade um homem jovem trabalha de forma silenciosa em sua máquina de costura, dobrando tecidos e traçando retas em pequenos pontos com a linha de costura ele dá forma a uma calça masculina. Geraldo Vieira começou a costurar aos 15 anos em Teresina, no Piauí, aprendeu o oficio observado o pai costurar, nunca teve aulas sobre costura, apenas observou o pai e aprendeu com os seus próprios erros. Dos 15 aos 20 anos trabalhou com costura no Piauí até o dia que seu pai decidiu mudar-se para Petrolina convidando o filho a ir junto. 17 anos depois ele ainda trabalha com a costura e vive com a sua esposa e os seus três filhos. “Seu Viera” tem 8 irmãos, destes 3 são alfaiates dois deles residem em Petrolina e trabalham com costura.
A surpresa no ateliê é bem comum, mas Seu Vieira não liga, os olhares curiosos são bem frequentes, inclusive durante esta entrevista, uma senhora parou na calçada para ver Seu Vieira trabalhar e quando questionada se ela desejaria algo “só estou olhando, acho interessante” girou os tornozelos e seguiu o seu caminho.
Trabalho não falta e seus clientes estão sempre mudando, mas segundo ele alguns clientes são os mesmos de 20 anos atrás.



 Alieny Silva

sábado, 16 de novembro de 2013

Um presente para a UNEB: acervo da antiga SEDICA é doado à universidade

Materiais da Biblioteca Dom José Rodrigues de Souza chegam à Universidade, para manter vivo legado do bispo emérito


Giomara Damasceno*
Maria Yamakawa

Acervo da biblioteca Dom José Rodrigues de Souza ajuda a
relembrar a história do povo juazeirense
                                 
Um dos legados deixados pelo ex-bispo de Juazeiro, Dom José Rodrigues foi a biblioteca da Diocese, que teve seus títulos recém doados para a Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O acervo fazia parte do antigo Setor Diocesano da Comunicação Audiovisual (SEDICA) e conta com mais de 30 mil títulos entre livros e revistas.  Além de fotografias, jornais impresso e duas mil fitas, as quais poderiam ser utilizadas como material didático pelos professores em sala de aula.

Para transferir os arquivos do prédio da Diocese para a biblioteca Professor Rômulo Galvão, a UNEB criou uma comissão formada por discentes da universidade. Esta tem funções de “coordenar os trabalhos de transferência do acervo da Biblioteca Dom José Rodrigues de Souza.

Esses trabalhos envolvem: reorganização do espaço físico e do acervo, definição da forma de funcionamento, mobilização de professores e alunos para a utilização dos materiais” como explica um dos integrantes da comissão, o Professor Mestre Francisco de Assis Silva.


Com a mudança para a UNEB, a comunidade juazeirense que frequentava o acervo no antigo prédio, ganha um novo espaço, mas ainda sem data para visitação ao público. Isso porque há dificuldade em catalogar o acervo, já que há pouco recurso humano para realizar os trabalhos, como afirma Gerluce Lustosa, coordenadora da biblioteca da universidade.

A história da cidade preservada

Acervo contém livros, revistas, fitas cassetes 
A estudante de Comunicação Social, Adailma Gomes tem grande interesse pelo acervo doado à UNEB. Já que seu Trabalho de Conclusão de Curso será sobre SEDICA, para isso ela fará uso dos livros, revistas, fotografias, relatórios e arquivos de áudio. Um dos problemas encontrados pela estudante, que apresenta seu TCC ao final do ano foi o de encontrar as referências bibliográficas para seu trabalho.

“A mudança afetou o processo de pesquisa bibliográfica durante a disciplina de Seminários II, que é o primeiro passo para a construção do TCC. Por falta de tempo eu só consegui realizar uma visita à biblioteca da Diocese, na semana seguinte aconteceu a mudança e fiquei sem acesso ao material do qual precisava. Felizmente consegui terminar mesmo sem uns livros, pois alguns são antigos e não encontro na internet.”, comenta.

Como muitos outros juazeirenses, Adailma frequentava a biblioteca da Diocese no antigo prédio durante os ensinos fundamental e médio, muito mais do que a Municipal. Isso se dava pela localização de ambas e pela maior diversidade de exemplares existentes.


Tanto na visão da estudante de Jornalismo e do Professor Mestre, o acervo da Diocese vem a somar.  “Acredito que a UNEB ganhou um presente” relata o docente.Já a aluna acrescenta “Creio que o acervo da biblioteca da Diocese mesmo sendo um tanto desatualizado, ainda pode e certamente vai contribuir bastante para pesquisas sobre nossa região e sobre outros temas. Espero sinceramente que a UNEB saiba valorizar o potencial desse acervo”. 

*Fotos: Giomara Damasceno

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Plínio Amorim: Educação e Política



Foto: Alieny Silva
Filho e neto de políticos, o Professor Mestre Plínio Amorim carrega a veia política desde o berço. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1985, Amorim fez sua especialização em Ciência do Desporto na Universidade de Porto (Portugal), em 2001. Amorim exerceu o cargo de Secretário de Educação nos municípios vizinhos Juazeiro, BA e Petrolina, PE. E atualmente é assessor especial de Modernização Administrativa da Prefeitura de Juazeiro.

Você tem formação acadêmica voltada para a prática esportiva. Quais os motivos que te levaram a exercer cargos políticos?
Eu sou formado em Educação Física, me formei em 1985 na Universidade Federal de Pernambuco. Passei num Concurso da Universidade de Pernambuco, na época era FFPP (Faculdade de Formação de Professores de Petrolina).e num concurso da UNEB (Universidade do Estado da Bahia), fui professor da UNEB por um ano. Dois anos depois fui fazer mestrado e quando voltei, assumi a chefia do departamento de pedagogia da FFPP.
Fui chefe de departamento até 2004. No mesmo ano me candidatei à direção da UPE. Foi uma campanha bonita e difícil, porque pela forma que era a contagem dos votos era muito difícil de uma oposição vencer.. Na época, pelas contas que fiz, faltou um voto de funcionário, mas faltaram 200 votos de aluno. Embora eu tivesse 1600 votos de alunos e a outra candidata em torno de 400. Eu tive 75% dos votos válidos.
Mas ai eu acho que meu nome tomou notoriedade. E a partir dessa eleição daqui [da UPE], o então prefeito [Fernando Bezerra Coelho] me convidou para ser Secretário de Educação de Petrolina. Foi uma oportunidade extraordinária pra mim, até porque administrar a educação é uma coisa complexa, grande. É ¼ do orçamento do município, 25% tem que ser utilizado na educação. Dei sorte de conduzir uma equipe muito boa e de incentivá-los a trabalhar. Acredito que contribuímos bastante pelas coisas que fizemos aqui, isso na minha opinião culminou em ganharmos um prêmio do Ministério da Educação como modelo de referência de gestão.

Quais as diferenças entre os planos educacionais de Juazeiro e Petrolina?
Petrolina iniciou um processo de gestão com foco em resultados na educação. E o que é resultado na educação? É o aluno ser aprovado, mas aprender. Ele não pode receber aquilo que se chama de aprovação automática.
Petrolina iniciou esse processo um pouco antes [que Juazeiro], com foco em resultados. Faz-se uma avaliação com os alunos, não pra dar nota, mas avaliação pra diagnosticar o nível de aprendizagem deles. São avaliações muito bem elaboradas, bem planejadas, para que a gente saiba quais os conteúdos o aluno está dominando. Nosso modelo era centrado assim: no início do ano os professores de todas as séries sabiam dos conteúdos, eram bem definidos. São os conteúdos que chamamos de descritores, que os alunos teriam que vivenciar ao longo do ano. Monitorávamos o nível aprendizagem do aluno, fazendo avaliações – sabendo quais alunos estavam abaixo da média, acima da média - e algumas outras políticas como nível de leitura, produção de texto.
Juazeiro demorou a trabalhar na busca de resultados. Essa foi a diferença. Quando eu assumi a Secretaria em Petrolina, esse modelo já estava montado, legitimado. Só precisava aprofundá-lo. Em Juazeiro não, a gente apresentou, a gente iniciou esse processo. São desafios enormes: um de você estabelecer [a gestão] e o outro é você manter.

A Câmara de Vereadores de Petrolina leva o nome semelhante ao seu.  Tem alguma relação? Qual é a relação?
Aquela pessoa lá é Plinio Amorim, meu avô que foi vereador aqui em Petrolina durante 26 anos. Na época vereador não recebia salário. Era voluntário. E pelo respeito, pela deferência, pelo compromisso dele, após sua morte os vereadores entenderam que a Câmara deveria levar o nome dele.  Pra mim é uma honra muito grande carregar o nome dele.

É daí que vem sua veia política?
Sim. Eu sou filho de político. Meu avô foi vereador por 26 anos. Eu tive um tio que foi vereador, meu pai foi vereador durante 16 anos. Mas, eu nunca coloquei meu nome para a coisa pública, além de eleição interna em nível de gestão educacional.  Enquanto meu pai [Juarez Amorim] foi político eu não gostava disso.
Durante 16 anos meu pai foi um politico tão dedicado, tão zeloso, que eu costumo dizer que durante esse tempo eu não tive pai. Eu tinha um homem que financiava a vida da gente, minha e de meus irmãos e, que de vez enquanto dormia com minha mãe.
Ele tinha um compromisso exagerado com a política. E com isso pela ausência que eu sentia de meu pai, eu não gostava de política. Mas, aí a maturidade vai chegando e a gente percebe que tudo acontece pela política.
A gente vive num estado de direito, isso significa que quem manda são as leis. E quem faz leis? Os políticos. Vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores. Eles que efetivamente fazem as leis, nas suas câmaras e assembleias. Então, a gente precisa escolher a boa política o bom político.
Por isso, hoje me curvei, me curvo e tenho uma admiração muito grande pela política, pelos políticos. A minha política é a política da educação. Eu costumo dizer que essa é a minha bandeira mais alta, é aquela que eu tenho zelo maior.

Seu sangue envereda para isso?
É, talvez o sangue politico me empurre para o lado da gestão. O da gestão pública a gestão da educação pública de maneira mais específica.
Por: Giomara Damasceno

domingo, 10 de novembro de 2013

Gentileza como agente de transformação da sociedade


A Corrente do Bem (Pay It Forward) Foto: divulgação
Na década de 70 um andarilho pregava palavras de amor, bondade e respeito ao próximo nas ruas do Rio de Janeiro, conhecido como “Profeta gentileza”, José Datrino inspirou muitas pessoas com a famosa frase “Gentileza gera gentileza”. Algumas décadas depois, mais precisamente em 2000, um filme dirigido por Mimi Leder pregava a mesma prática, Pay It Forward” (A Corrente do Bem), o filme que narra a história de um professor que em uma de suas aulas lança um desafio aos seus alunos, eles deveriam: observar o mundo à sua volta e concertar aquilo que não gosta, um de seus alunos propõe a seguinte ideia: cada um faz um favor a três pessoas e cada uma dessas três faz caridade a mais três, e assim por diante, a ideia do garoto repercute pelo mundo inspirando pessoas. Tanto o profeta quanto o personagem interpretado por Haley Joel Osment levanta a questão de: até onde boas ações geram reações positivas e até onde isso pode mudar e influenciar a sociedade?        
José Datrino "Profeta Gentileza" Foto: internet
Em decorrência da ideia do filme “Corrente do bem”, pequenas ações positivas ganharam um sopro de vida, dando origem ao “Dia Mundial da Boa Ação”, que é celebrado no dia 24 de abril e consiste em formas simples de ajudar o próximo. A iniciativa propõe ações simples de caráter transformador, que pode ser desde ajudar um idoso a atravessar a rua, ceder o acento em um ônibus lotado, desejar um bom dia, entre outras formas simples que podem inspirar outras pessoas a aderirem ao movimento.            
Esse tipo de iniciativa de caráter mundial não precisou de uma data especifica para atingir o Vale do São Francisco. Em Petrolina, por exemplo, tem se tornado comum encontrar pessoas que não esperam um dia especifico para ajudar o próximo e faz dessa prática algo comum no seu cotidiano. Everton Rodrigo de 27 anos é uma dessas pessoas, ele faz parte de um grupo de jovens, que prega a caridade e o respeito ao próximo, “Eu gosto de ajudar porque é a forma que eu encontrei de ser útil, para as pessoas, não tenho uma boa oratória, mas quando é para servir da menor maneira possível eu fico feliz porque eu sei que dei o melhor de mim”, quando questionado sobre satisfação pessoal em ajudar ele acredita que a caridade é a melhor forma de se melhor consigo mesmo “Sinto que posso ser uma pessoa melhor, não apenas com palavras, mas principalmente com ações, quando estou participando de uma ação social seja ela qual for eu me sinto feliz”. 
O psicólogo Samuel Freire acredita que a prática altruísta trás a quem pratica o poder de tirar o outro da condição de marginal (que está a margem da sociedade, excluído), para que este ganhe um sentido novo "Quando você tira algumas horas, ou minutos do seu tempo para praticar uma boa ação, você leva para o outro um pouco de autoestima, tirando ele da condição de "invisível", para alguém que merece atenção, que merece ser bem tratado", em relação ao bem estar do praticante o psicólogo ressalta o bem que isso pode fazer, no sentido de se sentir útil para alguém "A sensação de bem estar é que existe de simbólico no ato altruísta. Por fim, relembro o que Lacan dizia sobre o amor: dar o que não se tem". 
Por Alieny Silva

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Respeitável público


O circo desperta sempre um mundo de fantasias na mente principalmente de crianças. "Como vivem os palhaços? Como é viver viajando? E como é que dormem no circo?" São perguntas que Diego Alves de nove anos e muitas outras crianças fazem ao se depararem com o mundo mágico circense.
Nos circos encontramos diferentes realidades. Desde instalações precárias com arquibancadas de madeira oferecendo situação de risco aos telespectadores, até alguns que já aposentaram esse tipo de estrutura, menos arriscado para quem assiste e para quem oferece o espetáculo.
Apresentação do circo Transbrasil. Foto: Giomara Damasceno
Há disparidades gritantes entre o Circo Transbrasil e o Circo Show. Mas, uma coisa eles tem em comum: o circo ainda é um negócio familiar, vivido e administrado por várias gerações. Jurandir Brasil entrou no circo por fascínio e José Alfredo Silva conheceu a vida do circo após a morte de sua mãe, o pai, uniu-se ao circo, o qual ele nunca mais saíram.
O curioso nessas histórias é que ambos tinham nove anos. A mesma idade de Diego. E também de algumas crianças que crescem no Circo Show. E aprendem a vida circense brincando “Eles começam com pequenos números. Às vezes aparecendo ainda bebes em cena com os palhaços” explica Tom Barros que hoje comanda o circo que conta com mais de 50 pessoas, quase todos, membros da mesma família. É possível observar quatro gerações sob a lona, o fundador o seu J. Silva com filhos, netos e bisnetos. 
Enquanto seu J.Silva conta as histórias, aventuras – que incluem até rapto da esposa - e dificuldades com nostalgia, Tom preocupa-se com o futuro do circo “a vida no circo está ficando difícil. Antigamente o circo chegava na cidade e era aquele tumulto. Enchia de crianças. Hoje há crianças de 9 e 10 anos que nunca foram ao circo”.  Ele atribui a falta de interesse não à criança, mas ao uso das tecnologias, e exemplifica com o exemplo do próprio circo “antes nos juntávamos todos no picadeiro e brincávamos e conversávamos. Hoje, cada um tem a sua tv a cabo, sua internet. Fica cada um no seu trailer. Não há mais aquele momento de convivência. Antigamente se um carro quebrava na estrada, a gente não esquentava tanto. Acendíamos fogueira e ali passávamos dias. Agora se um carro quebra e a gente passa um dia, parece que vai morrer”.
Além da queda de público, a queixa dos circenses é encontrar espaço nas cidades para instalarem-se  “a gente ficou aqui meio escondido, o povo tem de medo de vir”. Mas para Tom o circo não irá acabar “ há alguns anos achei que o circo ia acabar, logo depois foram surgindo muitos circos novos. O circo não vai ter fim.” desabafa.

 *Por Giomara Damasceno